17.4.07

O Norte em chamas

Na semana passada, Argélia e Marrocos foram vítimas de atentados terroristas responsáveis por reavivar o medo de novas guerras civis no norte da África. Os ataques a bomba deixaram mais de 30 vítimas fatais, e foram realizados em locais tão diferentes como um um posto policial perto de Argel, um cyber café e os arredores do consulado americano em Casablanca. O grupo conhecido como Al-Qaeda para o Magreb Islâmico (AQMI) assumiu a autoria das explosões.

Do Mediterrâneo em diante, explosões parecem ter se tornado um dos meios mais populares de afirmar a nacionalidade.

A recorrente falta de união entre grupos árabes é o que torna a situação mais complexa. Milícias ligadas às mais diversas facções religiosas disputam Estados que, quando não são acéfalos - como é o caso da Somália -, ainda são assombrados pela relativa anarquia pós-colonial. É curioso notar, porém, que alguns desses Estados tentaram uma organização badeada na shar'ia, como é novamente a Somália, e também a Argélia. Quando a Frente de Salvação Islâmica (FSI) ameaçou disputar o segundo turno nas eleições realizadas em 1991, o Exército argelino interviu e adiou as eleições. Seguiu-se um período de grande instabilidade que deixou mais de cem mil mortos, que terminou (ou deveria) em 2000, quando o braço armado da FSI, o Exército de Salvação Islâmica, depôs as armas.

A organização que assume a autoria dos últimos atentados teve origem no Grupo Salafista para a Oração e o Combate. Apesar de sua ligação com a al-Qaeda, a AQMI é considerada, dentro da Argélia, como uma facção extremista. Em carta dirigida ao presidente Bouteflika, ministro do Exterior na década de 70 que assumiu o governo pelas mãos dos militares em 1999, o fundador do Grupo Salafista Hassan Hattab demonstrou a preocupação de que "pequenos grupos" terroristas estejam interessados em tornar a Argélia um segundo Iraque.

18.04.07: O jornalista marroquino Taeib Chadi, em reportagem para a rede Al-Jazeera, diz não ver ligações entre os homens-bomba que atacaram Casablanca e a Al-Qaeda. Segundo Chadi, a mensagem que os jovens suicidas quiseram passar é social, não ideológica, e faz referência às condições das classes menos favorecidas. O método empregado para levar esse recado, por outro lado, parece no mínimo uma tentativa de vinculação à luta religiosa.

2 comentários:

Anônimo disse...

E aí, meu caro? Tudo tranq? Passei prá dar uma olhada na área e prá saber como vai sua nova filhinha... Cuidado que isso não é leica, é bem mais frágil, meu camarada. Um abraço.

Rafael Andrade disse...

camaradinha, recado dois: http://dezesseistrintaecinco.blogspot.com/

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