tag:blogger.com,1999:blog-213949852024-03-13T12:21:35.406-03:00cadernos de segundaa notícia em tempo irreal.angelo cuissihttp://www.blogger.com/profile/03615935771090482837noreply@blogger.comBlogger22125tag:blogger.com,1999:blog-21394985.post-45468971096087942372014-04-30T02:38:00.004-03:002014-04-30T02:38:50.257-03:00Mulheres no poderAyn Rand é uma espécie de profeta da aristocracia do pós-guerra; uma nobreza sem história ou títulos familiares, que conserva os signos do poder sem o lastro dos antepassados. Não é a primeira vez na história que o mandachuva do momento reclama o prestígio de seus antecessores.<br />
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Mas quando se trata do cargo de presidente, não pense no assunto partindo de um ponto de vista meio social ou altruísta - ou seja, não pergunte: Ela poderia fazer seu trabalho, e ele seria bom para o país? Imaginamos que sim, ela poderia e seria - mas <i>o que esse trabalho faria com ela?</i><br />
</blockquote>
<blockquote class="tr_bq">
A questão é principalmente psicológica. Envolve uma visão fundamental da mulher sobre a vida, sobre si mesma e seus valores básicos. Para uma mulher-enquanto-mulher, a essência da feminilidade é o culto ao herói - o desejo de adorar um homem. "Adorar" não significa dependência, obediência, ou nada que implique inferioridade, mas uma forma intensa de admiração; e admiração é algo que só pode ser experimentado por alguém de caráter forte e independente em seus julgamentos de valor. A mulher parasita não é uma admiradora, e sim uma exploradora de homens. O culto ao herói é uma virtude exigente: a mulher deve ser digna deste culto e do herói que adora. Intelectual e moralmente, quer dizer, enquanto ser humano, ela deve ser igual ao homem; assim o objeto de sua adoração é, especificamente, a masculinidade do herói, e não uma virtude humana qualquer que lhe falte.<br />
</blockquote>
<blockquote class="tr_bq">
Isso não significa que uma mulher feminina sinta ou projete o culto ao herói em todo e cada homem individualmente; na verdade, enquanto seres humanos, muitos podem ser inferiores a ela. Seu culto é uma emoção abstrata provocada pelo conceito <i>metafísico</i> da masculinidade como tal, que ela só experimenta total e concretamente pelo homem que ama, mas que matiza suas atitudes em relação a todos os homens. Não que essas atitudes gerais possuam alguma intenção romântica ou sexual - muito pelo contrário: quanto mais elevada sua visão da masculinidade, maiores serão seus padrões e exigências. Em outras palavras, ela está sempre consciente tanto de sua identidade sexual quanto da dos outros. Quer dizer, uma mulher adequadamente feminina não trata os homens como se fosse amiga, mãe, irmã - ou <i>líder.</i><br />
<br />Agora considere o significado da Presidência: em todas as suas relações profissionais, em todas as dimensões de seu trabalho, o presidente é <i>a maior autoridade</i>; é o chefe do Executivo, o comandante-em-chefe. Mesmo em um país totalmente livre, onde os poderes constitucionais se encontrem claramente divididos, o presidente é a autoridade final que define os termos, objetivos e procedimentos de cada cargo do Poder Executivo. No cumprimento de suas funções, o presidente não lida com iguais, só com inferiores (não pessoas inferiores, inferiores no sentido hierárquico de cargos, funções e responsabilidades).<br />
<br /><i>Isso</i>, para uma mulher racional, seria uma situação insuportável (e se ela <i>não</i> for racional, não será adequada à Presidência ou nenhuma cadeira importante, de qualquer forma). Agir como o superior, o líder, praticamente o <i>regente</i> de todos os homens com quem a mulher se relaciona seria uma tortura psicológica excruciante. Seria preciso uma despersonalização completa, um desapego total, e uma solidão incomunicável; ela precisaria suprimir (ou reprimir) cada aspecto pessoal de seu próprio caráter e atitude; ela não poderia ser a si mesma, isto é, uma mulher; ela precisaria funcionar apenas como um <i>cérebro</i>, não uma <i>pessoa</i>; como um pensador esvaziado de valores individuais - uma dicotomia perigosamente artificial que ninguém poderia sustentar por muito tempo. Pela natureza de seus deveres e atividades diárias, ela se tornaria a menos feminina, assexuada, metafisicamente inadequada e racionalmente revoltante de todas as figuras: uma<i> matriarca. </i><br />
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<span style="font-size: x-small;">Ayn Rand, <a href="http://books.google.com.br/books?id=OsCSArJxIRwC&pg=PT233&lpg=PT233&redir_esc=y#v=onepage&q&f=false" target="_blank"><i>About a Woman President</i></a></span></div>
</blockquote>
É interessante que, ao negar à mulher a condução da sociedade, Rand elimina o afeto - e, por extensão, a compaixão e a solidariedade - da administração: espera-se do presidente que seja sobreumano, uma personalidade indiferenciada que toma as decisões pela coletividade. Muitos déspotas pensam sobre si desta forma.<div class="blogger-post-footer">http://p.feeddirect.com/page?c=Blogging%20news&o=rss002&bquery=&r=1|2|3|4&wiz=2360074</div>angelo cuissihttp://www.blogger.com/profile/03292618668735688550noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-21394985.post-83254843513875384842009-12-07T16:14:00.005-03:002011-09-24T02:59:10.166-03:00Carioca<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjicczfheuXRioppnzMtXE8l2DnAmHwWShQQWaBJqqTsPb9DYHIjkmJlUp97AnLPxHi17jSAN2lD71q9MvQq0vL8MF1Wtu7LEZ0WE8dYDdEPqDwtMwVxPSoIK7eZ81ZnFh0FsSUzA/s1600-h/RDO01542.jpg"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5412576017005735682" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjicczfheuXRioppnzMtXE8l2DnAmHwWShQQWaBJqqTsPb9DYHIjkmJlUp97AnLPxHi17jSAN2lD71q9MvQq0vL8MF1Wtu7LEZ0WE8dYDdEPqDwtMwVxPSoIK7eZ81ZnFh0FsSUzA/s400/RDO01542.jpg" style="cursor: hand; display: block; height: 267px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 400px;" /></a><br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhmihe20eBv3LnLXkjloLmtIMK-bE5qCb9q891syizoz_vUGinu4LB4xw5yQLNzsk1o8lCXotcoxFJHS3DhEI8kI6LUD30ASVXx0HQUs0beV_aKTFsGbNZQYXEb_bJgN05E2rGa6w/s1600-h/RDO01541.jpg"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5412575484424911234" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhmihe20eBv3LnLXkjloLmtIMK-bE5qCb9q891syizoz_vUGinu4LB4xw5yQLNzsk1o8lCXotcoxFJHS3DhEI8kI6LUD30ASVXx0HQUs0beV_aKTFsGbNZQYXEb_bJgN05E2rGa6w/s400/RDO01541.jpg" style="cursor: hand; display: block; height: 267px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 400px;" /></a> Pão de Açúcar, Corcovado, Copacabana, Ipanema e Lagoa; Complexo do Alemão, da Maré, Morro dos Macacos e Providência - o Rio adora se ver nos extremos. Mas o que existe de mais carioca do que o Largo idem? Aliás, o Centro - aquela loucura de pessoas de todos os lugares, executivos engravatados e flipeteiros de relax a 20 reais, camelôs e o Esch Café, brancas, negras, obesos e sílfides - é a mais completa tradução dessa província de saudosa memória federal. No Largo, aos pés da tetracentenária igreja do Convento de Santo Antônio, a Idade Média convive com um shopping de produtos eletrônicos chineses, e pregadores disputam os ouvidos com bancas especializadas em pagode ou <em>flashback</em>.</div>
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É de lá que a gente sai quando vai pro Bar Luiz.<br />
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<div class="blogger-post-footer">http://p.feeddirect.com/page?c=Blogging%20news&o=rss002&bquery=&r=1|2|3|4&wiz=2360074</div>angelo cuissihttp://www.blogger.com/profile/03292618668735688550noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-21394985.post-86305879987866007952009-12-07T15:13:00.005-03:002009-12-07T16:41:24.405-03:00Olhando pra trás<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhXupEh1QJymKhnuObsjmc_qs6k5ps7Q6sEBTv3Oae6ngqHcz-thtzeTjcoJLW0MBKpr-xm8NJAa1O91BADJrRd7dgLraSTkMO52s8zSUjdVye2DV85B9R0InVnBrd4TgrI1WvG/s1600-h/retrovisor.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5412559632272594562" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 268px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhXupEh1QJymKhnuObsjmc_qs6k5ps7Q6sEBTv3Oae6ngqHcz-thtzeTjcoJLW0MBKpr-xm8NJAa1O91BADJrRd7dgLraSTkMO52s8zSUjdVye2DV85B9R0InVnBrd4TgrI1WvG/s400/retrovisor.jpg" border="0" /></a><br /><div>Tem gente que reclama, acha que olhar pra trás dá azar. Toc, toc, toc: o que dá azar é só olhar num únio sentido, é só ver a estrada e perder a viagem. Espelhos retrovisores, por exemplo, brincam com o mundo - e com o carro - de um jeito muito interessante. O controverso insulfilm também, acaba fingindo que é filtro.</div><div class="blogger-post-footer">http://p.feeddirect.com/page?c=Blogging%20news&o=rss002&bquery=&r=1|2|3|4&wiz=2360074</div>angelo cuissihttp://www.blogger.com/profile/03615935771090482837noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-21394985.post-4074280154609460362009-12-07T15:08:00.002-03:002009-12-07T15:11:56.792-03:00Impressionante<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhB0wOqg8UkjI1hlmWDmIwJDfiDfi2UbjlpEkGow4OD8UxW5SncJdwe77_zGLinRQslho2Xt7w6LA5xrvWYA9p0XWo3sEgjnuT4IQ5wMfSAliRP51HVYmD8IvP-QB2z0vbzgxn8/s1600-h/29CID102.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5412557872930446546" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 267px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhB0wOqg8UkjI1hlmWDmIwJDfiDfi2UbjlpEkGow4OD8UxW5SncJdwe77_zGLinRQslho2Xt7w6LA5xrvWYA9p0XWo3sEgjnuT4IQ5wMfSAliRP51HVYmD8IvP-QB2z0vbzgxn8/s400/29CID102.jpg" border="0" /></a><br /><div></div><br /><div>Aterro do Flamengo, domingo desses de novembro. Tripé, longa exposição e a certeza de que todo sensor tem seus dias de tela, esperando uma pincelada de luz.</div><div class="blogger-post-footer">http://p.feeddirect.com/page?c=Blogging%20news&o=rss002&bquery=&r=1|2|3|4&wiz=2360074</div>angelo cuissihttp://www.blogger.com/profile/03615935771090482837noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-21394985.post-86025868960679294212009-12-07T14:41:00.003-03:002009-12-07T14:47:24.891-03:00Segundo clichê<div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRYghQ0PY3_mHjBmlXa_6UDDtnPhVsQDshOuvIRYH1gvr4fzTL1d6qslz5KWhH7JJnIS_fnNhLpde_frD2BAJh1U7k2VBAcvHLMq3-MLNUx_jvU2V-Kgtr143i4NQ4E5YoY5aR/s1600-h/CID19941.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5412551130144778530" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 280px; CURSOR: hand; HEIGHT: 400px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRYghQ0PY3_mHjBmlXa_6UDDtnPhVsQDshOuvIRYH1gvr4fzTL1d6qslz5KWhH7JJnIS_fnNhLpde_frD2BAJh1U7k2VBAcvHLMq3-MLNUx_jvU2V-Kgtr143i4NQ4E5YoY5aR/s400/CID19941.jpg" border="0" /></a><br /><div>Calor, Central do Brasil, sinal fechado pra gente, guarda-chuva guardando o sol e termômetros vagabundos. O caboclo aí embaixo parecia não acreditar que o trouxa dava bobeira com uma câmera ali; depois do clique, meteu o pé.</div><br /><div></div><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5412552069497996098" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 267px; CURSOR: hand; HEIGHT: 400px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXxikOtlUhkzGFvGbIqUvo34Ux79WeyeRJlchYLEHahjDa_w8VJhK69u7cq68TZLNkaYWuEnCqP-Ak96flwUkkPQeXTT_axfgraAnpGHF5e56O1jfIQdB0kwzMrb8Yd70_pm8y/s400/CID19946.jpg" border="0" /><br /><div>Rio, 50 graus.</div></div><div class="blogger-post-footer">http://p.feeddirect.com/page?c=Blogging%20news&o=rss002&bquery=&r=1|2|3|4&wiz=2360074</div>angelo cuissihttp://www.blogger.com/profile/03615935771090482837noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-21394985.post-48150413126994155462009-12-07T14:33:00.003-03:002009-12-07T14:38:04.812-03:00Primeiro clichê<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsGEah3pvCkwDHIZfr-Z9dupcfLWnuoSKFmrX2pBc6Ft9PWHIAxBT4VGoul673fwqC7gW0tjkfc0Ok12N6GFT8o7EyIYtabHNS9usXfmpFEcQGnEBUai9IdSHzFkiuvhZAW__c/s1600-h/23CID62_17.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5412549619845975698" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 267px; CURSOR: hand; HEIGHT: 400px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsGEah3pvCkwDHIZfr-Z9dupcfLWnuoSKFmrX2pBc6Ft9PWHIAxBT4VGoul673fwqC7gW0tjkfc0Ok12N6GFT8o7EyIYtabHNS9usXfmpFEcQGnEBUai9IdSHzFkiuvhZAW__c/s400/23CID62_17.jpg" border="0" /></a><br /><div></div><br /><div>Poeta rima com bicicleta; curvas, com Copacabana. Às vezes a gente sai pra fazer o óbvio, e o óbvio é sempre ululante.</div><br />'<div class="blogger-post-footer">http://p.feeddirect.com/page?c=Blogging%20news&o=rss002&bquery=&r=1|2|3|4&wiz=2360074</div>angelo cuissihttp://www.blogger.com/profile/03615935771090482837noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-21394985.post-6067621011061566182009-12-07T13:42:00.004-03:002009-12-07T14:29:28.174-03:00Folga nublada<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgOfiL4_WnW971MAUhK_1kqpiEB1YlbMyaQyFjC0M_aHq7rqlQWgckVOsNbclx9VbEe7rcdZ_Y6M4h1NymMirv_5islPZCROT8-itKFIBl-P5ckcCBOgBBUlnKiXp7XoJG8Pnie/s1600-h/CID041109202.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5412547556677861618" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 266px; CURSOR: hand; HEIGHT: 400px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgOfiL4_WnW971MAUhK_1kqpiEB1YlbMyaQyFjC0M_aHq7rqlQWgckVOsNbclx9VbEe7rcdZ_Y6M4h1NymMirv_5islPZCROT8-itKFIBl-P5ckcCBOgBBUlnKiXp7XoJG8Pnie/s400/CID041109202.jpg" border="0" /></a><br /><div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjou7Gi3j3r33T9ylnw237AYyANGIQ9zZTLqu77El9uoiBlM8GHAhSh6YEiKPgRptvSoaQyOdwlmNqAUjjTGGtgaYcqdcj1dP0_k8ItxDLp1AFRx6tp2x-I-hsq8QrRjMosD-p6/s1600-h/CID041109210.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5412546711328429810" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 267px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjou7Gi3j3r33T9ylnw237AYyANGIQ9zZTLqu77El9uoiBlM8GHAhSh6YEiKPgRptvSoaQyOdwlmNqAUjjTGGtgaYcqdcj1dP0_k8ItxDLp1AFRx6tp2x-I-hsq8QrRjMosD-p6/s400/CID041109210.jpg" border="0" /></a><br /><br /><br /><div><br /><div>Último fim de semana de folga no ano, e a sexta-feira corroia as ilusões de uma praia decente.</div><br /><div>Saí no fim de tarde, enrolado em uma capa verde-oliva, pra interagir com o clima. "Quem está na chuva é pra se molhar", dizia vovó; fui, vi e me molhei. Valeu encharcar os pés, foi bom ver a cidade numa caminhada. Rendeu um ou dois cliques felizes.</div></div></div><div class="blogger-post-footer">http://p.feeddirect.com/page?c=Blogging%20news&o=rss002&bquery=&r=1|2|3|4&wiz=2360074</div>angelo cuissihttp://www.blogger.com/profile/03615935771090482837noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-21394985.post-91440668377799628952009-05-24T16:14:00.003-03:002009-05-24T17:01:52.176-03:00<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgPFbRQjPk_7ejrqxJDGdFEiEexI3phwBjVkWYLO9kaDgMfbK_fj7_68pSEoLrydaqc9UdNXRc9NYS8EKUIhc0GlHBoD6oLLF8AeXmXPAQeoSZE3iVPgjQwKXu51eJDp8vePO9Y/s1600-h/ANG_9999_184.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 284px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgPFbRQjPk_7ejrqxJDGdFEiEexI3phwBjVkWYLO9kaDgMfbK_fj7_68pSEoLrydaqc9UdNXRc9NYS8EKUIhc0GlHBoD6oLLF8AeXmXPAQeoSZE3iVPgjQwKXu51eJDp8vePO9Y/s400/ANG_9999_184.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5339483099029507250" /></a><br /><div><br /></div><div>Diz o manual dos blogueiros: "é importantíssimo manter a regularidade das postagens. Além de gerar tráfego, atualizações periódicas valorizam e demonstram a seriedade de seu blog." Verdade, dura verdade. E estes cadernos, já irregulares, permaneceram esquecidos por quase dois anos - mereciam chamar-se cadernos de quinta, tamanho o desleixo.<br /></div><div><br /></div><div>Enfim, cá estamos novamente. Ainda que sem leitores.</div><div><br /></div><div>Desde a <a href="http://cadernosdesegunda.blogspot.com/2006/02/praia.html">primeira postagem</a> - um continho pretensioso de fevereiro de 2006 - muitas foram as interrupções, e pelo menos uma mudança de propósito teve lugar: da ficção passamos à política internacional, fazendo deste espaço um laboratório para passear pelo globo. Uma desculpa para procurar jornais mundo afora, uma oficina de redação sem maiores compromissos. Um caderno de rascunhos de fato (ou de fatos, apurados por terceiros).</div><div><br /></div><div>O último texto - <span class="Apple-style-span" style="font-style: italic;">tempos estranhos</span> - entrou no ar pouco antes de minha saída da Livraria da Travessa, bem na época em que decidi trancar o curso de Jornalismo. A partir de dezembro de 2007, passei a dedicar-me (quase) integralmente à fotografia, que praticava já havia oito anos. Não recomendo: em todo lugar tem alguém com uma câmera. Mas enfim - fazer o quê?</div><div><br /></div><div>Abro os cadernos de novo, para novos esboços. Desta vez, abordando a fotografia. </div><div><br /></div><div>Até a próxima segunda!</div><div><br /></div><div class="blogger-post-footer">http://p.feeddirect.com/page?c=Blogging%20news&o=rss002&bquery=&r=1|2|3|4&wiz=2360074</div>angelo cuissihttp://www.blogger.com/profile/03615935771090482837noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-21394985.post-91160649326365284802007-10-16T22:42:00.000-03:002007-10-16T23:06:59.156-03:00Tempos estranhosQuebro um longo jejum para ver quem mata a charada: quem é que derrubou um rei em 1969, com vagas promessas de unificação regional; instaurou uma ditadura ferocíssima; abrigou terroristas do IRA e do ETA; assumiu a participação de seu país no atentado que matou 270 passageiros e tripulantes de um avião da Pan Am que sobrevoava a Escócia; imaginou um socialismo islâmico (!); escreveu um livro de regras nos moldes maoístas; inspirou-se abertamente - usa inclusive o título de coronel - em Gamal Abdel Nasser, que convocou os Estados árabes contra Israel e foi derrotado sem conseguir tirar os aviões do solo; quem é que fez tudo isso e acaba de ganhar um assento no Conselho de Segurança da ONU?<br /><br />Quem respondeu <span style="font-weight: bold;">Muammar al-Khaddafi</span> tem muita imaginação.<br /><br />Mas acertou.<div class="blogger-post-footer">http://p.feeddirect.com/page?c=Blogging%20news&o=rss002&bquery=&r=1|2|3|4&wiz=2360074</div>angelo cuissihttp://www.blogger.com/profile/03615935771090482837noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-21394985.post-75578954271829173532007-06-12T01:14:00.002-03:002008-11-08T15:25:15.650-03:00O levante está em toda parte<div style="font-family: georgia; text-align: justify;" xmlns="http://www.w3.org/1999/xhtml"> Foi curioso acompanhar as notícias e não escrever nos últimos dois meses. Pouco mudou, e uma ou duas idéias que tive antes têm se tornado cada dia mais evidentes. Como a polarização amorfa que vem separando Leste e Oeste. De um lado, pós-socialistas e muçulmanos; do outro... bem, do outro os Estados Unidos. A ONU também, e a OTAN e o G8, mas apenas na medida em que as organizações gravitam em torno da política americana.<br /><br /> O socialismo pós-moderno (bolivariano, para Chávez; de mercado, para a China, que diz poder ensinar muito à Venezuela) flerta com governos árabes; Ortega busca aproximar a Nicarágua do Irã de Ahmadinejad, que já é parceiro declarado de Chávez, que por sua vez estreita laços entre a Venezuela e a Líbia de Qaddafi. Putin governa uma Rússia que já não é comunista e pode se dedicar à diplomacia com o bloco islâmico, agregando a este o poderio militar daquela e reforçando a independência do novo Oriente.<br /><br /> A ordem do dia, para os países desenvolvidos, são problemas climáticos, ditaduras e catástrofes que vêm na forma de doenças e inundações. Nunca houve tantos refugiados dos homens e da natureza. E nem tantas ameaças ao <i>status quo</i>: o tal capitalismo já não mais ameaçado por uma ideologia, mas pelo petróleo (que está nas mãos do inimigo e polui o planeta), por países em desenvolvimento (que exportam produtos baratos e mão-de-obra clandestina) e pela natureza (que esquenta, venta, chove). Nem Bob Dylan previu tanto.<br /><br /> E há, é claro, o terror.<br /><br /> Não há união entre os fundamentalistas islâmicos, e nem precisa haver. Do Marrocos ao Afeganistão, espalham-se grupos antiocidentais. A maldição dos <i>warlords</i>, líderes paramilitares que devastam o continente africano através de conflitos tribais há décadas, espalhou-se do maghreb ao oriente. O cenário caótico que surge tende a levantar poeira suficiente para tornar o mundo árabe indistinto. A generalização que ocorre - a idéia de que qualquer muçulmano é um perigo potencial - tem ajudado a fundamentar a presença da OTAN em muitos lugares. Para piorar, essa generalização se tornou tão sedutora que vem sendo adotada por torcidas organizadas e facções criminosas no Brasil, ansiosas em afirmar sua relação com os jihadistas - como se isso trouxesse heroísmo à violência. O antiamericanismo do terceiro mundo olha para Meca, ainda que não possa pôr o pé em uma mesquita.<br /><br /><i> The times they are a-changing</i>.<br /><br /><br /><p class="poweredbyperformancing">Powered by <a href="http://scribefire.com/">ScribeFire</a>.</p></div><div class="blogger-post-footer">http://p.feeddirect.com/page?c=Blogging%20news&o=rss002&bquery=&r=1|2|3|4&wiz=2360074</div>angelo cuissihttp://www.blogger.com/profile/03615935771090482837noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-21394985.post-11717414507048793892007-04-17T00:53:00.000-03:002007-04-18T01:28:18.420-03:00O Norte em chamasNa semana passada, Argélia e Marrocos foram vítimas de atentados terroristas responsáveis por reavivar o medo de novas guerras civis no norte da África. Os ataques a bomba deixaram mais de 30 vítimas fatais, e foram realizados em locais tão diferentes como um um posto policial perto de Argel, um cyber café e os arredores do consulado americano em Casablanca. O grupo conhecido como Al-Qaeda para o Magreb Islâmico (AQMI) assumiu a autoria das explosões.<br /><br />Do Mediterrâneo em diante, explosões parecem ter se tornado um dos meios mais populares de afirmar a nacionalidade.<br /><br />A recorrente falta de união entre grupos árabes é o que torna a situação mais complexa. Milícias ligadas às mais diversas facções religiosas disputam Estados que, quando não são acéfalos - como é o caso da Somália -, ainda são assombrados pela relativa anarquia pós-colonial. É curioso notar, porém, que alguns desses Estados tentaram uma organização badeada na <span style="font-style: italic;">shar'ia</span>, como é novamente a Somália, e também a Argélia. Quando a Frente de Salvação Islâmica (FSI) ameaçou disputar o segundo turno nas eleições realizadas em 1991, o Exército argelino interviu e adiou as eleições. Seguiu-se um período de grande instabilidade que deixou mais de cem mil mortos, que terminou (ou deveria) em 2000, quando o braço armado da FSI, o Exército de Salvação Islâmica, depôs as armas.<br /><br />A organização que assume a autoria dos últimos atentados teve origem no Grupo Salafista para a Oração e o Combate. Apesar de sua ligação com a al-Qaeda, a AQMI é considerada, dentro da Argélia, como uma facção extremista. Em carta dirigida ao presidente Bouteflika, ministro do Exterior na década de 70 que assumiu o governo pelas mãos dos militares em 1999, o fundador do Grupo Salafista Hassan Hattab demonstrou a preocupação de que "pequenos grupos" terroristas estejam interessados em tornar a Argélia um segundo Iraque.<br /><br />18.04.07: O jornalista marroquino Taeib Chadi, em reportagem para a rede Al-Jazeera, diz não ver ligações entre os homens-bomba que atacaram Casablanca e a Al-Qaeda. Segundo Chadi, a mensagem que os jovens suicidas quiseram passar é social, não ideológica, e faz referência às condições das classes menos favorecidas. O método empregado para levar esse recado, por outro lado, parece no mínimo uma tentativa de vinculação à luta religiosa.<div class="blogger-post-footer">http://p.feeddirect.com/page?c=Blogging%20news&o=rss002&bquery=&r=1|2|3|4&wiz=2360074</div>angelo cuissihttp://www.blogger.com/profile/03615935771090482837noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-21394985.post-36911176254389193192007-03-27T01:26:00.000-03:002007-04-17T02:17:51.795-03:00Temporada de tigres na ÁsiaO grupo separatista Tigres do Tamil realizou, nesta segunda-feira, um ataque aéreo contra uma base aérea próxima ao aeroporto de Colombo, capital do Sri Lanka, tornando ainda mais dramático um fim de semana marcado pelo confronto em Jaffna, que deixou 48 mortos - 44 deles da etnia Tamil. Os caças oficiais, no entanto, não foram avariados. É a primeira vez que os Tigres utilizam aeronaves na sua luta pela independência, que já se estende por mais de vinte anos. O grupo divulgou fotos dos aviões Zlin Z 143, de fabricação checa, utilizados no ataque.<br /><br /> O movimento separatista no Sri Lanka tem suas raízes no fim da colonização britância, em 1948. A etnia Tamil, minoritária mas apoiada pelos ingleses, começou a enfrentar dificuldades com a maioria cingalesa. Embora questões religiosas façam parte do cenário - grande parte dos cingaleses é budista, e entre os Tamil o hinduísmo tem grande penetração - os dois grupos constituem povos diferentes, com idiomas e costumes próprios. Os Tamil, espalhados pelo norte e leste do Sri Lanka e sul da Índia, organizaram seu exército em 1976. Em 1983, no que ficou conhecido como o "Julho Negro", o genocídio e a pilhagem que tiveram curso em Jaffna levaram ao fortalecimento do exército Tamil e marcaram o início da guerra civil no país. De lá para cá, os separatistas assumiram a responsabilidade por centenas de atentados, que incluem o assassinato do primeiro-ministro indiano Rajiv Gandhi em maio de 1991 e de Ranasinghe Premadasa, presidente do Sri Lanka, em 1993. Ao grupo é ainda atribuída a invenção do colete explosivo hoje utilizado por homens-bomba do Hezbollah e do Hamas, e o primeiro ataque terrorista via internet, dirigido às embaixadas de seu país, em 1997.<div class="blogger-post-footer">http://p.feeddirect.com/page?c=Blogging%20news&o=rss002&bquery=&r=1|2|3|4&wiz=2360074</div>angelo cuissihttp://www.blogger.com/profile/03615935771090482837noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-21394985.post-20293967596123925832007-02-20T23:18:00.000-03:002007-04-17T02:18:25.162-03:00Mardi GrasA Rússia se posicionou claramente contra a instalação de um escudo antimíssil na <a href="http://www.praguemonitor.com/en/27/czech_politics/1642/index.html">República Checa</a> e na Polônia. Ameaça tornar os escudos alvos de sua artilharia.<br /><br />Já o Irã - que realizou ontem alguns exercícios militares para lembrar ao Ocidente que possui uma Força Aérea - continua a negar qualquer intenção belicosa em suas pesquisa nucleares. Um porta-voz iraniano disse ontem, no <a href="http://www2.irna.ir/en/news/view/menu-236/0702206308194312.htm">Omã</a>, que o país é contrário à ação militar, ou mesmo a sanções econômicas. Mas que "a qualquer momento em que o Islã for ameaçado, as nobres nações iranianas não hesitarão em defendê-lo de todas as formas".<br /><br />Enquanto isso, apesar de atrasos no pagamento, a Rússia garante <a href="http://www2.irna.ir/en/news/view/menu-236/0702203789200058.htm">cumprir os compromissos</a> com o Irã em relação à usina nuclear de Bushehr.<br /><br />O carnaval foi interessante para os saudosistas da Guerra Fria.<div class="blogger-post-footer">http://p.feeddirect.com/page?c=Blogging%20news&o=rss002&bquery=&r=1|2|3|4&wiz=2360074</div>angelo cuissihttp://www.blogger.com/profile/03615935771090482837noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-21394985.post-84755702799787354962007-02-12T20:16:00.000-03:002007-04-17T02:19:39.210-03:00Como se forja um conflito<div style="text-align: left;"><blockquote style="font-style: italic;"><span style="font-size:85%;">"Não é verdade. E não é justo. O Irã não forneceu aquelas armas. Isso lembra as primeiras declarações dos Estados Unidos contra Saddam Hussein, sobre as armas de destruição em massa".</span></blockquote></div>A <a href="http://english.aljazeera.net/NR/exeres/18EEECFF-077D-4D4C-8FBF-950383DE5CCC.htm">declaração</a>, de um diplomata iraniano no Iraque, é mais uma das afirmações sem rosto que proliferam nesse conflito que parece apenas intensificar-se. Também não tem nome os militares de alta patente que entregaram as fotos de munição de suposta origem iraniana à imprensa.<br /><br />De declaração em declaração, as nuvens vão condensando e escurecendo o céu do Irã. A via diplomática parece um caminho improvável para se evitar um conflito maior no Oriente Médio - um conflito que parece estar sendo forjado há algum tempo, como já defendeu Gorbachev, citado por Nelson Franco Jobim em seu <a href="http://nelsonfrancojobim.blogspot.com/2007/02/gorbachev-defende-multilateralismo.html#links">blog</a>, e Seymour Hersh, da CNN, já em <a href="http://www.cnn.com/2005/ALLPOLITICS/01/16/hersh.iran/">2005</a>. Colin Powell, ex-secretário de Estado dos EUA, admite - em interessante reportagem publicada na <a href="http://www.msnbc.msn.com/id/17086418/site/newsweek/">Newsweek</a> esta semana - que Bush não tem intenções de lidar com um governo que não reconhece. "Não há como negociar quando você diz à outra parte: 'dê-nos o que uma negociação produziria antes que a negociação comece'."<br /><br />Por outro lado, é interessante a escolha de Robert Gates para o Departamento de Defesa americano. Gates não se tornou diretor da CIA em 1987, como seria natural, devido ao seu possível envolvimento no caso Irã-Contras. À época, as relações com o Irã deveriam ser melhores - ou pelo menos o tráfico de armas com o país árabe tinha uma boa razão, naqueles tempos da Guerra Fria que ele diz "quase" sentir saudades hoje. As acusações de terrorismo (a CIA estaria usando o Irã para patrocinar um golpe de direita na Nicarágua) ainda são lembradas pelos iranianos. Ainda segundo a Newsweek, um diplomata que esteve envolvido nas últimas negociações entre Irã e Estados Unidos, representando os primeiros, disse querer evitar um "Irãgate 2".<br /><br />Existe uma verdade sendo fabricada, no momento. Sua ligação com os fatos e os tons que vai adquirir se revelarão com o tempo. Mas é muito possível que estejamos assistindo, já há algum tempo, a um conflito sendo forjado.<div class="blogger-post-footer">http://p.feeddirect.com/page?c=Blogging%20news&o=rss002&bquery=&r=1|2|3|4&wiz=2360074</div>angelo cuissihttp://www.blogger.com/profile/03615935771090482837noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-21394985.post-51432308421312248462007-02-05T23:32:00.001-03:002008-11-08T15:27:42.156-03:00O tigre na ÁfricaÉ difícil fugir ao tema do orçamento astronômico de George W. Bush. O total de dinheiro envolvido na guerra no Iraque chegaria a 716 bilhões de dólares, quantia superior ao PIB de qualquer país do Oriente Médio - o Irã, campeão regional, atinge os 610 bilhões. E a insatisfação já começa a tomar corpo dentro das próprias Forças Armadas americanas, com a recusa do primeiro-tenente Ehren Watada em conduzir suas tropas ao Iraque por considerar a guerra ilegal. "Eu lutaria no Afeganistão, mas não no Iraque".<br /><br />É difícil encontrar outro assunto, mas está longe de ser impossível. E quem chama a atenção agora é um homem de quem provavelmente ouviremos o nome com cada vez mais frequência daqui por diante: Hu Jintao. O presidente da China.<br /><br />De 30 de janeiro até 3 de fevereiro, Hu Jintao esteve com o xeque Mohammed Bin Rashid Al Maktoum, vice-presidente e primeiro ministro dos Emirados Árabes Unidos; Paul Byia, presidente de Camarões; Ellen Johnson-Sirleaf, presidente da Libéria; Omar Hassan Ahmed al-Bashir, presidente do Sudão; e Levy Patrick Mwanawasa, presidente da Zâmbia. É a segunda vez que Hu vai à África em um ano.<br /><br />O extraordinário crescimento da China - propagado pelo Fórum Econômico Mundial e teorizado por Lula ("bom mesmo é na China, onde você manda e todo mundo obedece. Aqui, nem o PT me obedece mais") - e suas anunciadas reservas têm permitido ao país alguns luxos. Negociar petróleo com o Sudão, mandar trabalhadores para a África e oferecer empréstimos sem juros, por exemplo. São coisas que têm deixado boa parte do mundo ocidental de cabelo em pé, levando a declarações e condenações sobre a (falta de) preocupação por parte dos chineses com assuntos de primeira linha como meio ambiente e o mercado de trabalho no continente africano. O curioso é que o país que mais polui hoje não é a China, e se recusa a aceitar programas de redução de emissão de poluentes. Mas tem forte ascendência sobre o Banco Mundial, que surge como o prejudicado da história. Como não pode competir com a oferta chinesa, suas exigências socioecológicas não podem ser negociadas. Hu Jintao está inventando um capitalismo à chinesa, explorando a fraqueza primordial do sistema e sua própria justificativa: o fato de basear-se no capital. Com a maior população do mundo sendo mantida no cabresto, a produção desenfreada e a balança comercial que tem - só exporta - a China tornou-se um país rico o suficiente para jogar o mesmo jogo que o resto do mundo.<br /><br />Só que agora com cartas altas.<div class="blogger-post-footer">http://p.feeddirect.com/page?c=Blogging%20news&o=rss002&bquery=&r=1|2|3|4&wiz=2360074</div>angelo cuissihttp://www.blogger.com/profile/03615935771090482837noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-21394985.post-82028414826986776002007-01-29T23:01:00.000-03:002007-06-12T21:34:35.997-03:00O grande laboratório humanoA mudança generalizada de regimes na África - como a queda de Siad Barre, na Somália, a ascensão de Nelson Mandela na África do Sul e a transição dramática em Ruanda - propiciou ondas de violência que varreram o continente durante a década de 90. Apesar da história africana estar povoada de episódios de violência intertribal, principalmente depois da criação arbitrária de seus países, os últimos vinte anos mostram um recrudescimento destes conflitos. Talvez o fim da Guerra Fria tenha uma parcela considerável de envolvimento com isso, por ter estimulado lutas em um campo neutro - para as nações envolvidas, evidentemente. O apoio soviético ou americano armou e destruiu regiões inteiras, e sua supressão sem planejamento em nada contribuiu para uma reorganização política saudável. Algo como o que os EUA alegam pretender fazer com o Iraque, por exemplo.<br /><br />Se por um lado a falta de apoio das auto-intituladas "nações desenvolvidas" - e não cito aqui apenas os EUA, mas Inglaterra, Alemanha e particularmente a França - não contribuiu como poderia para a reconstrução do continente, por outro levou os países africanos a criar suas próprias soluções para os problemas enfrentados. A ajuda da ONU foi cosmética em alguns casos, atrapalhada em outros, e quase sempre levada à pouca eficácia pela dificuldade em compreender diferenças sociais e culturais e pela imobilidade gerada nas políticas dos países que a compõem; as alternativas formuladas, muitas vezes, deveriam servir de lição para o Ocidente maravilha.<br /><br />Na Somália, o governo de transição encontra-se hoje mais ou menos no mesmo ponto em que se encontrava antes da invasão da capital pelo exército etíope. Depois de várias mortes e incontáveis violações dos direitos humanos, o governo somali (eleito no Quênia) continua sem apoio popular. Não foi capaz de criar uma base sólida junto a uma população já acostumada à divisão - a Somalilândia, por exemplo, achou por bem reforçar a insubmissão ao governo apoiado pela Etiópia e pediu hoje à União Africana o reconhecimento de sua independência.<br /><br />Uma possível solução para a Somália parece vir de um vizinho de passado trágico: Ruanda. O país que viveu um dos episódios mais traumáticos da história recente - um genocídio organizado promovido por forças de dentro do próprio governo, em 1994 - propõe-se hoje a treinar o exército somali. É uma tentativa de fazer com que o próprio país cure suas feridas, uma ação no sentido inverso à que vem sendo praticada . Ruanda encontrou relativa estabilidade sob o governo de Paul Kagame, atual presidente e ex-comandante das tropas que retomaram o país e forçaram a saída dos <span style="font-style: italic;">génocidaires</span> em 1994. Eles sabem, por experiência própria, que enquanto o país não for capaz de cuidar de si os conflitos continuarão a ser fomentados, enquanto a ajuda humanitária mantém nossas consciências apaziguadas. Que a ajuda vá além do treinamento de tropas e envolva o sentimento de reconstrução, é isso que esperamos.<br /><br /><span style="font-style: italic;">Sobre o apoio de Ruanda à Somália: </span><a style="font-style: italic;" href="http://www.newtimes.co.rw/index.php?option=com_content&task=view&id=651&Itemid=45">As we go to Somalia...</a><span style="font-style: italic;">, de Thomas Kagera (The New Times/Ruanda)</span><br /><br /><span style="font-style: italic;"></span><span style="text-decoration: underline;"></span><span style="font-style: italic;"><a href="http://www.newtimes.co.rw/index.php?option=com_content&task=view&id=651&Itemid=45"><span style="font-weight: bold;"></span></a></span><div class="blogger-post-footer">http://p.feeddirect.com/page?c=Blogging%20news&o=rss002&bquery=&r=1|2|3|4&wiz=2360074</div>angelo cuissihttp://www.blogger.com/profile/03615935771090482837noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-21394985.post-59362287638231827352007-01-26T23:13:00.000-03:002007-06-12T21:35:20.713-03:00Ryszard Kapuscinski<object height="350" width="425"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/F2_Z2XNjcaY"><param name="wmode" value="transparent"><embed src="http://www.youtube.com/v/F2_Z2XNjcaY" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent" height="350" width="425"></embed></object><br /><br />Muita água rolou por essas pontes - e entre as enchentes e buracos - desde a segunda-feira. Logo na terça, notícia velha, a presidência dos EUA anunciou a intenção de reduzir o uso de combustíveis derivados de petróleo. Pretende, nos próximos anos, negociar menos com parceiros complicados como Arábia Saudita e Venezuela, e talvez iniciar uma aproximação com exportadores agrícolas, Brasil incluído.<br /><br />A reunião do Mercosul terminou em um documento pedindo a manutenção da democracia. Na África, o Fórum Social Mundial debateu o excessivo pragmatismo do socialismo latinoamericano. Lula resumiu tudo com um "cada país faz o discurso que quer".<br /><br />Bilal (alguns nomes não funcionam muito bem em português), ministro da Informação da Síria, anunciou o início das operações de uma linha aérea direta Teerã-Damasco-Caracas.<br /><br />No Líbano, a coisa ficou feia, e embora o primeiro-ministro Siniora tenha conseguido levantar fundos com outros governos para investir no crescimento de seu país, agravando ainda mais a impagável dívida externa libanesa, o clima em Beirute ficou pesado, muito pesado.<br /><br />Mas terça-feira aconteceu outra coisa. Ryszard Kapuscinski, jornalista polonês, faleceu. Tinha 74 anos, conhecia meio mundo e foi - ele merecia realmente o título - uma testemunha ocular da história, particularmente da história africana. Biografou Hailé Selassié, viu a Europa sair do centro do universo, tornou-se o escritor polonês mais traduzido do mundo. Disputou o Nobel de Literatura com Orhan Pamuk, ano passado. Foi à Índia e China sem conhecer-lhe os idiomas. E teve sensibilidade para permanecer neutro sempre que possível. Descobriu as dificuldades do regime socialista em sua Polônia natal, onde o acesso aos livros era proibido e, anos após a queda do regime, pessoas ainda voltavam dos <span style="font-style: italic;">gulags</span> com seus traumas e histórias de crueldade. Viu os efeitos do imperialismo nas colônias remanescentes da África: o fim da dominação francesa na Argélia, o Congo, um continente inteiro tornado palco para guerras que não afetariam os países que a financiavam, porque no final das contas era mais fácil fazer um <span style="font-style: italic;">mea culpa</span> e enviar algumas forças de paz. E soube contar as histórias que viu como poucos.<br /><br /><span style="font-style: italic;">Ébano</span>, um livro incrível sobre os mais de quarenta anos que passou na África, <span style="font-style: italic;">Imperador</span>, a biografia de Hailé Selassié e <span style="font-style: italic;">Minhas Viagens com Heródoto</span>, um apanhado de toda sua carreira e uma homenagem ao primeiro repórter da história, foram todos publicados no Brasil e são obras interessantíssimas, tanto do ponto de vista factual como do literário. Valem a leitura.<br /><br /><span style="font-style: italic;">O século vinte não foi apenas um século de guerras e totalitarismos. Também foi o século da descolonização, de uma grande libertação. Três quartos dos residentes de nosso planeta se tornaram independentes e, pelo menos do ponto de vista formal, passaram a ser considerados cidadãos do mundo. Nunca houve tal evento na história, e nunca haverá de novo.<br /></span>(Ryszard Kapuscinski, em discurso de agradecimento pelo prêmio Grinzane Cavour)<br /><br />Pelo menos esse século teve cronistas à altura.<div class="blogger-post-footer">http://p.feeddirect.com/page?c=Blogging%20news&o=rss002&bquery=&r=1|2|3|4&wiz=2360074</div>angelo cuissihttp://www.blogger.com/profile/03615935771090482837noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-21394985.post-1169518816313110512007-01-22T23:20:00.000-03:002007-06-12T21:36:18.447-03:00De todos os lados<div xmlns="http://www.w3.org/1999/xhtml"><i>Para o inferno, gringos! Vão para casa! Vão para casa! Nós somos livres aqui, e o seremos mais a cada dia.<br /><br /></i>Hugo Chávez, presidente da Venezuela, em seu programa dominical - 21/1/2007<br /><br /><i>Se nós estivermos seguros, vocês poderão estar seguros, e se nós estivermos salvos, vocês poderão estar a salvo. E se nós formos atacados e mortos, vocês serão definitivamente - com a permissão de Alá - atacados e mortos.<br /><br /></i>Ayman al-Zawahiri, segundo na linha de comando da al-Qaeda, em vídeo interceptado hoje pelo instituto SITE.<br /><br />Se o discurso diplomático não anda muito em alta, pelo menos não deixa margem a dúvidas. A enorme importância estratégica do petróleo no mundo contemporâneo - ironicamente fomentada em grande parte pelos Estados Unidos no último século - levou países tradicionalmente submissos (e outros nem tanto) a uma posição de relativo poder econômico e, por conseqüência, a uma certa liberdade de ação. O império, hoje, não é mais capaz de manter o silêncio às custas de subornos e ameaças. Pelo menos não o silêncio de todos.<br /><br />As posições defendidas nos últimos dois dias pela Venezuela e pela al-Qaeda, embora agressivas na forma, são razoáveis no conteúdo. Em tempos de interdependências, a idéia de soberania muitas vezes acaba diluída entre acordos e concessões, num ambiente fértil para a manipulação de governos e grupos por outros governos e grupos mais poderosos. O potencial destrutivo das duas declarações acima é a resposta em linguagem clara à posição dos Estados Unidos e uma afirmativa justa - ainda que belicosa: não mexam conosco!<br /><br />Hugo Chávez, que desde sua posse recebe críticas redobradas por parte da imprensa brasileira, vem agindo dentro da legalidade, mesmo que isso não costume ser lembrado. A decisão da oposição venezuelana de não participar das últimas eleições propiciou a constituição de um Congresso inteiramente situacionista. Mas o jogo foi limpo, ainda que a vitória tenha sido por WO. A não-renovação da licença da Radio Televisión Caracas está dentro dos parâmetros legais, e a alegação de supressão da liberdade de imprensa é pálida diante da participação da emissora no último golpe contra o governo, em 2002. Resta saber qual a possibilidade de surgimento de grupos de mídia independente - um problema para o povo venezuelano, que deve ser capaz de se organizar de forma crítica em relação ao governo.<br /><br />Al-Zawahiri defende a reação do mundo árabe em larga escala. Não cita apenas o Iraque: conclama muçulmanos de todos os lugares para a guerra que se trava no Afeganistão, na Palestina, Chechênia, Somália e Argélia. Desafia um império com o fantasma de outro império, que dominou a Europa por séculos. Dificilmente terá razão, mas os EUA também não a têm. Ao usar seu poderio militar para subjugar outros países, cria condições para que a al-Qaeda se imponha como uma alternativa para a libertação.<br /><br />No final das contas, é assim que dois blocos tão diferentes - os neo-socialistas de Latinoamérica e os fundamentalistas muçulmanos - parecem se ver: como libertadores, proclamadores da independência de um sistema desigual, que não tem sido capaz de dar respostas satisfatórias aos problemas que criou. Talvez a independência não venha. Talvez assistamos a um recrudescimento violento do terrorismo, e talvez tudo continue igual. Mas talvez não. De uma coisa, porém, temos certeza: é tempo de revoluções.<br /><i><br /></i>(O vídeo de al-Zawahiri foi interceptado pelo<i><span style="font-style: italic;"> </span>Instituto SITE: http://siteinstitute.org</i>)<br /><br /></div><div class="blogger-post-footer">http://p.feeddirect.com/page?c=Blogging%20news&o=rss002&bquery=&r=1|2|3|4&wiz=2360074</div>angelo cuissihttp://www.blogger.com/profile/03615935771090482837noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-21394985.post-1169172216318505252007-01-18T23:03:00.000-03:002007-06-12T21:37:24.190-03:00(Nós) na periferia<div xmlns="http://www.w3.org/1999/xhtml">E enquanto nossos vizinhos estreitam as relações com o Irã, o Itamaraty acusa avanços na negociação do acordo de cooperação econômica com o Conselho de Cooperação dos Estados Árabes do Golfo (CCG), conforme noticiou a "Folha de São Paulo" hoje (18/1). O acordo, que começou a ser rascunhado no início de 2005, deve ser fechado até junho.<br /><br />O ano promete: a reunião do Mercosul já iniciou hoje com a assepsia neo-socialista de Hugo Chávez e deve progredir com a discussão sobre a inclusão de outros países da América do Sul.<br /><br />As economias podem até funcionar diferente, os governos intervirem mais ou menos, alinhar-se com Washington ou não, acreditar em Jesus, Allah ou no capital. Mas o comércio, este quer ser cada vez mais livre.<br /><br /><br />(A quem interessar possa: o CCG é composto pelos "Emirados Árabes Unidos, o Reino do Bareine, o Reino da Arábia Saudita, o Sultanato de Omã, o Estado do Catar e o Estado do Coveite", na redação oficial do Ministério do Desenvolvimento. Os nomes curiosos - Bareine e Coveite - são mais conhecidos aqui por seus nomes em inglês, Bahrein e Kuwait)<br /><br /></div><div class="blogger-post-footer">http://p.feeddirect.com/page?c=Blogging%20news&o=rss002&bquery=&r=1|2|3|4&wiz=2360074</div>angelo cuissihttp://www.blogger.com/profile/03615935771090482837noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-21394985.post-1168838165387756352007-01-15T02:14:00.000-03:002007-06-12T21:38:06.151-03:00O mundo está mudandoO presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, visitou Manágua neste domingo,onde se encontrou com o recém-eleito presidente nicaragüense Daniel Ortega. Ortega, que no início dos anos 80 fez parte da guerrilha que acabaria por protagonizar um golpe de curta duração na Nicarágua, foi saudado por Ahmadinejad como um companheiro na oposição aos Estados Unidos. Os dois líderes percorreram subúrbios pobres da capital.<br /><br />O encontro entre os presidentes ocorre no momento em que a tensão existente entre Estados Unidos e Irã é crescente, em grande parte devido à desconfortável posição do exército americano no Iraque. Embora o governo americano negue a intenção de atacar o território do Irã, o bombardeio de uma embaixada iraniana em Arbil, no Iraque, na última quinta-feira, levantou receios quanto às possíveis reações do governo de Ahmadinejad. Apesar de negar oficialmente o desenvolvimento de armas atômicas, o governo em Teerã já informou que não abrirá mão de seu programa nuclear, posição que preocupa a vizinha Israel, único país abertamente aliado aos Estados Unidos na região.<br /><br />A relação do Irã com países latino-americanos não se restringe à Nicarágua. Antes de ir se encontrar com Daniel Ortega, Ahmadinejad visitou o presidente venezuelano Hugo Chávez, com quem também possui proximidade. A visita ao continente sul-americano - a segunda nos últimos quatro meses - aponta para a consolidação de uma divisão mundial não-religiosa e não-ideológica, baseada no maniqueísmo pró ou contra Estados Unidos. "Nós temos que dar as mãos uns aos outros. Nós temos interesses, objetivos e inimigos em comum", disse o presidente iraniano ao posar ao lado de Ortega.<div class="blogger-post-footer">http://p.feeddirect.com/page?c=Blogging%20news&o=rss002&bquery=&r=1|2|3|4&wiz=2360074</div>angelo cuissihttp://www.blogger.com/profile/03615935771090482837noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-21394985.post-1167869335320382842007-01-03T20:41:00.000-03:002007-06-12T21:38:55.342-03:00Confronto abertoNão demorou tanto a intervenção americana no conflito entre Etiópia e Somália. Duas semanas após o início da guerra e apenas dez dias desde que a secretária dos EUA pediu a atenção de Sam Kutesa, ministro do Exterior da Uganda, para a região, alegando a possível presença da Al-Qaeda junto à União das Cortes Islâmicas, tropas americanas posicionaram-se na costa da Somália para "bloquear a fuga do governo islâmico", de acordo com um porta-voz do Departamento de Estado norte-americano. O bloqueio naval fecha o cerco em torno da Somália, cujas fronteiras já estão impedidas - pela Etiópia, pelo Djibute, onde se encontra uma base militar americana, e pelo Quênia, que deportou hoje refugiados muçulmanos. O espaço marítimo somaliano já vem sendo vigiado também pelo Iêmen há algum tempo, em outra tentativa de impedir a saída de muçulmanos.<br /><br />Tudo isso acontece quando o exército etíope declara a disposição de perseguir "até o último muçulmano" na Somália. A cruel e recorrente crise de refugiados na África ganha contornos assustadores. Com o isolamento do país, o que se desenha é a aniquilação de um povo, já que a grande maioria da população é sunita. A agência de refugiados da ONU já pediu ao governo queniano que suspendesse as restrições de fronteira, mas a pouca credibilidade do órgão no continente e o apoio (agora explícito) dos Estados Unidos fazem crer que o apelo não deve ser ouvido.<br /><br />A Somália não possui um governo formal desde 1991, ano da queda do governo de Siad Barre, que contava com o apoio da União Soviética. Desde então, a guerra entre clãs vem disputando espaço com governos provisórios e as Cortes Islâmicas. A divisão do país em Somália, Somalilândia e Puntlândia não contribuiu para a organização do território, mas permitiu que líderes religiosos conseguissem estabelecer uma ordem relativa através da aplicação da <span style="font-style: italic;">shar'ia</span>, a lei religiosa muçulmana. Embora controlando a capital, Mogadíscio, a União das Cortes Islâmicas convive com um governo de transição eleito em 2004 em Nairóbi, no Quênia. Com o apoio da Etiópia e, ao que tudo indica, do Quênia, o governo de transição deve tentar se impor novamente - desta vez através da força.<div class="blogger-post-footer">http://p.feeddirect.com/page?c=Blogging%20news&o=rss002&bquery=&r=1|2|3|4&wiz=2360074</div>angelo cuissihttp://www.blogger.com/profile/03615935771090482837noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-21394985.post-1139291538040996572006-02-07T02:17:00.000-03:002006-02-07T02:52:18.093-03:00PraiaVinha andando pela areia, tropeçando aqui e ali no cascalho triturado em milhares de anos de luta entre a terra e o mar. Pensava ele mesmo na guerra, não aquela vazia e triste que virava notícia, mas no confronto diário que travava com sua própria consciência. O rochedo e o oceano que rugia e teimava lá dentro. O mar, com sua falsa placidez, respingava-lhe gotas de sal no rosto e trazia cheiros diversos, que metamorfoseavam-se em rostos, idéias e fisicalidades. Do lado de lá o sol se punha, e nessa direção ele ia, afastando-se cada vez mais do levante. Mas a noite trazia estrelas, e assim uma certa paz se avizinhava.<br /><br />Andou - por quanto tempo? Não media mais os passos, não se orientava mais por marcos terrestres ou marítimos. Não podia mais deduzir latitude e longitude, flutuando numa deriva voluntária. De longe poderia ainda pressentir o ruído de uma cidade que espantava a escuridão da madrugada com suas luzes feéricas. Percebia na divisa do horizonte frágeis lanternas e iscas luminosas.<br /><br />Pela estrada fronteiriça que agora andava, o território onde a maré disputava palmo a palmo o domínio sobre a areia, estendia-se o tapete prateado de uma lua vermelha, redonda e ameaçadora. Pois naquele momento decidiu caminhar, ele também, pelos pequenos cristais brancos onde a umidade lhe refrescava os pés.<br /><br />Ao longe, viu uma forma desenhada pelo luar.<br /><br />Não desviou-se, sequer pensou em cumprimentar. Compreendeu uma figura de mulher, longos cabelos em cascata, pele branca. Sentada na praia, adivinhava segredos deixados nas ondas.<br /><br />Seguiu em frente, mas força incontrolável o arrastou para fora da borda do mar. Foi-se chegando, e antes que pudesse desenhar uma saudação, ouviu a pergunta, suave e inexorável:<br /><br />- Onde você vai chegar caminhando assim?<br /><br />Não sabia. Aliás, não pretendia saber do caminho mais que seus passos. Irritou-se, efêmero, com a invasão de sua intimidade. Mas não podia se irritar com aquela mulher. Com qualquer outra coisa, menos com ela.<br /><br />Respondeu que não sabia. Ou, por outra, não respondeu: deixou seus olhos e mãos manifestarem sua ignorância. Ela alisou a areia ao seu lado em um convite igualmente mudo. Aquiescendo, sentou-se ao lado dela.<br /><br />- Essa hora é bela para se ver o mar. Entre o oceano e o céu não há "meu" e "seu", apenas o vento que fustiga as águas e carrega as nuvens. De noite, tudo é uma coisa só.<br /><br />A voz dançava como uma onda que não arrebenta. Debaixo de uma miríade de faróis suspensos, os corpos foram iluminados na maré enchente que unia e desunia, fustigava e recolhia-se em carícias. O sonoro mar englobava todos os ruídos, misturando-os em um acorde suspenso.<br /><br />Acordou ainda a tempo de vê-la, pé ante pé, na direção do mar. Sumiu na espuma.<br /><br />O mar, agora, teria um filho. Que não seria seu ou dela, mas totalmente do mar.<div class="blogger-post-footer">http://p.feeddirect.com/page?c=Blogging%20news&o=rss002&bquery=&r=1|2|3|4&wiz=2360074</div>angelo cuissihttp://www.blogger.com/profile/03615935771090482837noreply@blogger.com1